Visita no Assentamento 20 de Março – Três Lagoas/MS
No dia 15 de novembro de 2021, a equipe do projeto Agroextrativismo Sustentável do MS, Professora Raquel Pires Campos (FACFAN/UFMS) coordenadora do projeto, juntamente com a Bióloga Rosane Bastos (União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária – UNICAFES), realizaram visita nas unidades de referência agroecológica nos lotes 44 e 53 no Assentamento 20 de Março em Três Lagoas/MS. A Visita teve por objetivos os seguintes aspectos:
- Divulgar as ações do Projeto Agroextrativismo Sustentável: compartilhando saberes e práticas culturais locais;
- Promover intercâmbio de informações entre as instituições executoras e parceiras no projeto.
No assentamento 20 de março, a equipe foi recepcionada pela senhora Lucimar Gonçalves da Silva no sítio Recanto Nossa Senhora, pela professora Rosemeire Aparecida de Almeida, da UFMS (Campos Três Lagoas), e o senhor Mieceslau Kudlavicz membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Para iniciar a conversa fomos recebidos com um café com produtos da indústria doméstica (geleia, suco, queijos e pães), tudo produzido localmente. Na sequência Professora Raquel conduziu a reunião, fazendo uma breve exposição sobre o projeto Agroextrativismo Sustentável do MS, seus objetivos e sua dinâmica de visitas, troca de experiências, valorização da cadeia produtiva dos frutos nativos e distribuiu o livro Sabores do Cerrado e Pantanal. Na oportunidade conhecemos a propriedade da senhora Lucimar, que nos levou a conhecer uma estrutura de biodigestor (transformação da matéria orgânica), para produção do biogás, que é utilizado pela família no preparo dos alimentos e de biofertilizantes para uso nas hortas agroecológicas.
Visitamos também no lote 53 uma área de Cerrado em processo de recuperação tanto de vegetação quanto de água (nascente), onde foi realizado o plantio de mudas e isolamento a área que já mostra sinais de recuperação.
Conhecemos ainda a área de produção agroecológica na propriedade cuja produção tanto desse núcleo familiar quanto de outros no assentamento são comercializados na feira agroecológica da UFMS/Campus de Três Lagoas que em tempos de pandemia da covid-19 foi transformada em feira online com entrega em domicílio além da comercialização direta no assentamento.
Estas atividades no assentamento de reforma agrária 20 de março, em Três Lagoas, são resultado do projeto realizado pela UFMS/NEA, com financiamento do CNPq (2018/2020), a partir dele pesquisadores do Campus de Três Lagoas (CPTL) implantaram, em 2017, o Núcleo de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica (NEA) da região do Bolsão, em Mato Grosso do Sul. “O NEA é resultado de uma articulação que iniciou-se, em 2013, entre o Laboratório de Geografia Agrária do CPTL e o Instituto de Sociologia e Estudos Campesinos (ISEC), da Universidade de Córdoba-Espanha, e um grupo de agricultores familiares em transição agroecológica vinculadas a Associação dos Agricultores Familiares do Assentamento 20 de Março, em Três Lagoas, segundo informações da professora Rosemeire Aparecida de Almeida.
Na sequência o grupo visitou a área de produção agroecológica no lote 44, de outro agricultor no mesmo assentamento. Na área fomos recebidos pelo senhor Julio Cesar Saito, membro do NEA e coordenador do grupo das Hortas, que nos levou a conhecer uma área de produção bastante diversa, com uma variedade de produtos fruto do manejo sustentável (legumes, folhas, temperos e frutos).
Durante a visita Sr. Julio relatou um pouco sobre os avanços na produção e comercialização dos cultivos agroecológicos, bem como dos desafios enfrentados, tanto internamente com relação a mão de obra cada vez mais escassa, a gestão e organização do grupo, bem como externamente, logística, mercado, clima, entre outros. De modo geral o trabalho realizado pelo Núcleo de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica (NEA), é um trabalho com resultados bastante significativos tanto para as famílias do assentamento 20 de março, quanto para os consumidores em geral, promovendo sustentabilidade, segurança alimentar, qualificação e geração de renda para as famílias no assentamento.
Texto: Rosane Bastos