Oficina na Comunidade Indígena Mãe Terra – Miranda/MS
No dia 1° de outubro de 2021 foi realizada uma oficina do Projeto “Agroextrativismo Sustentável: compartilhando saberes e práticas culturais locais” (Facfan/UFMS) em parceria com o Projeto de Extensão Valorização de Plantas Alimentícias do Cerrado e do Pantanal (INBIO/UFMS) na Comunidade Mãe Terra, TI Cachoeirinha no município de Miranda, em Mato Grosso do Sul (Figura 1). Participaram da atividade, a Profa. Letícia Couto Garcia (INBIO/UFMS), o técnico Márcio Vargas (FACFAN/UFMS), a Profa. Ieda Maria Bortolotto (Pesquisadora sênior voluntária/INBIO/UFMS), a acadêmica Juliana Biazon (curso de Engenharia de Alimentos, FACFAN/UFMS) e a acadêmica Sarah Juventina Barbosa da Silva (curso de Ciências Biológicas – Bacharelado/INBIO/UFMS), bolsista Fapec.
A oficina foi realizada para estimular o aproveitamento dos frutos locais para a dieta ou para a comercialização, orientar sobre boas práticas de produção de alimentos e compartilhar receitas para elaboração de farinhas e de pratos (bolos e biscoitos, por exemplo). Com estas atividades, espera-se contribuir com a comunidade para melhorar as alternativas de renda, considerando que há ainda recursos naturais disponíveis para extrativismo e muitos produtos, como farinhas, óleos e polpas que ser produzidos.
A visita começou com a apresentação dos visitantes e dos moradores em uma roda de conversa. Participaram das atividades cerca de 25 pessoas, dentre essas, 8 eram mulheres, 2 eram homens e 15 eram crianças/jovens. Depois disso, foi realizada a apresentação do projeto “Agroextrativismo Sustentável: compartilhando saberes e práticas culturais locais” pelo prof. Emílio Terena e do Projeto de Valorização de Plantas Alimentícias do Cerrado e do Pantanal pela Profa. Ieda, explicando que esta atividade se tratava de uma parceria para atingir objetivos comuns. Nessas falas foram apresentados os objetivos e a metodologia de trabalho para este dia. Depois disso, todos ouviram as expectativas dos participantes sobre a oficina, especialmente da liderança da comunidade. Foi feita também uma importante fala do professor local sobre a luta dos povos indígenas.
O senhor João, Pajé da comunidade, havia coletado frutos de bacuri/acuri (Attalea phalerata), bocaiuva (Acrocomia sp.), cumbaru/baru (Dipteryx alata) e jatobá (Hymenaea sp.) para a realização da oficina. Esses frutos foram identificados pelos moradores da comunidade que reconheceram seus usos, local de ocorrência e outras informações numa dinâmica proposta pela Profa. Ieda, buscando trazer o contexto da comunidade para a valorização dos saberes locais. Buscou-se incluir uma pessoa idosa e uma jovem na dinâmica. Posteriormente, foi realizada uma dinâmica pela acadêmica Juliana com fotos de frutos nativos, para identificação pelos moradores, incluindo crianças, jovens e adultos.
A Profa. Letícia Couto Garcia, que desenvolve uma atividade de pesquisa na comunidade na área de restauração ecológica, fez uma breve fala abordando questões relacionadas ao projeto de pesquisa coordenado por ela e sua relação com as plantas alimentícias nativas.
Também foi realizada uma dinâmica de boas práticas, com a limpeza correta das mãos e higienização dos frutos coletados. O jatobá coletado foi higienizado, seco e utilizado no preparo da farinha, cujo processo foi compartilhado pela equipe da UFMS. No período da tarde foi elaborado um bolo de bocaiuva e biscoitos de jatobá, com a orientação da acadêmica Juliana, onde foi usada a farinha de jatobá produzida no período da manhã. A farinha utilizada no bolo de bocaiuva foi levada pela equipe da UFMS, mas o processo de produção foi compartilhado com os participantes. Da mesma forma, a equipe compartilhou informações sobre o processo de obtenção da farinha de acuri, atendendo demanda da liderança local.
No final das atividades foi distribuído material impresso. Para os adultos, especialmente mulheres, foi distribuído um livro de receitas de Damasceno Junior e Souza, 2010 e 7 volumes da Coleção Saberes (diversos autores), com informações sobre fisionomias vegetais em Mato Grosso do Sul, aspectos sobre a biodiversidade, alimentos e cultura, colheita e pós-colheita, higiene e boas práticas na manipulação de frutos nativos, qualidade na produção de alimentos, doces cristalizados e geleias e produção de farinhas. Para as crianças que participaram, foi distribuído o livro “Cerrado: de A a Z” por Souza, 2010.
Texto: Sarah Juventina Barbosa da Silva